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Mensagens

A mostrar mensagens de 2015

O jogo de Lemmy

Morreu Lemmy Kilmister. Aos 70 anos, o mítico líder e fundador dos Motörhead não resistiu ao cancro. Soube da notícia quando me despedia de mais um dia de trabalho e fiz a minha pequena homenagem nas redes sociais com uma música sua chamada The Game. Pareceu-me terrivelmente apropriada. Lemmy parecia, de facto, uma personagem de um jogo. E jogava de forma assombrosa em cima do palco. Em 2010 esteve no Rock in Rio Lisboa e lembro-me de, na altura, pensar muito antes de recusar ir ao concerto. A voz rouca, feia e cortante de Lemmy era habitual no Noites Longas à quinta-feira, em Coimbra, e eu tinha finalmente a oportunidade de a ouvir ao vivo. Mas não fui. Já não me lembro porquê. Fiquei em casa e vi o concerto na televisão. Não demorei muito a mandar mensagem a quem foi com todo o arrependimento do mundo. Queria mesmo jogar o jogo de Lemmy. Das botas ao chapéu, dos óculos escuros às verrugas gigantes na cara, Lemmy entregou-se à música com tudo, entrou no jogo a valer duran

Um bilhete normal

Os bilhetes normais estão em extinção. É uma realidade que não mais pode ser escondida. As pessoas habituaram-se a ter descontos por tudo e mais alguma coisa e poucos são os que não apresentam um cartão, uma justificação ou uma criança pela mão que os leve a ter um bilhete especial. Pode até nem ser mais barato, não pode é ser normal! O estimado leitor pode fiar-se no que estou a dizer, garanto-lhe. O problema não está no preço, está no facto de não sermos diferentes se não tivermos o nome na guest e não houver passadeira vermelha. Ter um bilhete especial é não ser ninguém a abrir-nos a porta, mas sim termos a chave. É sermos do clube Bertrand quando os outros são do Benfica ou ter um cartão da Sacoor quando os outros têm sacos de cartão. Há de reparar, caro internauta, que na próxima fila onde estiver para pagar algo as pessoas percorrem a carteira, ávidas de cédulas, identificações, cartões da empresa. E vão ao cinema ver o último Star Wars com dois bilhetes NOS e um es

Ponteiros

Faz amanhã uma semana que terminou uma outra que promete não me sair da cabeça tão facilmente. Há muito tempo, há muito tempo mesmo que as coisas más não se sobrepunham às boas. Há muito, muito tempo que não desejava que ele, o tempo, andasse mais rápido. Normalmente queixo-me da sua falta, mas naquela semana decidiu parar várias vezes. E eu parei com ele. Parei com coisas de amigos, com coisas de família, com coisas minhas e, finalmente, com as coisas de Paris. Foram demasiadas paragens, “stand by” a mais, um trânsito infernal que esgota qualquer um. E, uma semana depois, sinto-me finalmente a chegar a casa, depois de andar uma eternidade à procura de lugar. Descalço-me e sento-me no sofá a ver como anoitece cedo por estes dias. Dou por mim a recordar-me de outro sol, a outras horas, noutros olhares. Sei que isto faz tudo parte, que serve para nos pôr à prova. Sei que amanhã vão ser outra vez 20 horas, o metro vai estar apinhado e o telemóvel vai tocar. Sei que o rio vai corr

Mais espaço

Sempre fui desarrumado. Preferi sempre ter as coisas à vista para que fosse mais fácil aceder-lhes quando preciso, como quem guarda as emoções à flor da pele para que as sinta de imediato. Há vantagens e desvantagens, mas uma coisa é certa: o espaço não é infinito. E quando acaba? Por vezes, lá nos decidimos e distribuímos as nossas coisas por gavetas, armários, caixas debaixo da cama ou na despensa. No entanto, chegamos a uma altura em que não cabe mais nada, em que não temos capacidade de encaixar nem mais uma agulha nesse palheiro de desorganização organizada. E o que fazer quando as coisas continuam a chegar até nós, quando nos dão ainda que não tenhamos pedido? Há duas soluções, e qual delas a mais difícil… A primeira é arranjar uma nova gaveta, um novo sítio. Comprar um armário novo, uma estante, um fiel depositário em quem possamos confiar as nossas memórias. Ora, para vocês não sei, mas para mim é muito complicado. Desde logo o investimento necessário: um móvel cust

O primeiro

Vou ser o mais direto possível: dá-me um beijo. É simples, um beijo. Não tenho mais nada para te pedir. Não estou a dizer que isto vai mudar alguma coisa, mas vês alguma razão para não o fazeres? Sei que o encostar de lábios não acaba com a fome, não impede a guerra nem faz chover dinheiro. Mas sei também – tenho a certeza – que os teus encaixam perfeitamente nos meus. Sei ainda que não estás longe de pensar o mesmo e sei, principalmente, e por fim, que precisamos disto. Precisamos de um primeiro beijo, sabes? Pode até ser o primeiro e o último, mas todas as obras começam pela primeira pedra. E para haver um último, tem de haver sempre um primeiro! Não digo que seja o ponto de partida para algo, é antes uma necessidade que temos de suprir. O primeiro beijo é como escrever numa folha em branco. Pouco importa o que vai sair dali, interessa é tirar o vazio daquela folha e dar-lhe vida. Fazê-la ser algo, criar matéria neste mundo. O primeiro beijo fica para sempre na memória:

Tudo a nu e fé no eleitorado

Em tempo de eleições são poucos os debates que tenho visto, pelo menos em direto, por motivos profissionais. A box permite andar para trás mas as discussões sobre quem trouxe a troika são tão enfadonhas que, mesmo perante a sexy Ana Lourenço, acabo por desistir e entregar-me à minha cama de corpo e alma. Há, no entanto, um programa televisivo que me agarrou pela madrugada dentro e no qual os nossos políticos encaixavam tão bem como o corno de um toiro na nádega de um toureiro. Chama-se Aventura à Flor da Pele (Naked and Afraid no original), é transmitido no Discovery Channel e consiste num homem e numa mulher que são largados num destino inóspito, sem comida, água nem roupa, tendo de sobreviver durante 21 dias. Pelo que sei podem apenas levar numa bolsa um objeto escolhido por si. Ora, não vejo desafio mais propício aos cinco líderes dos chamados partidos do arco da governação. A primeira dupla seria a mais óbvia: Passos e Portas. Ambos dormiriam agarradinhos um ao outro como o f

Mudamos tudo

Mudamos tudo, já reparaste? Mudamos isto, mudamos aquilo. Mudamos tudo, como te disse. Já viste como mudamos todos os dias? Mudamos a maneira de falar, mudamos a forma de ver as coisas, mudamos o aspeto. Se a alma dói ao mudar, mudamos a noção de dor. Mudamos o sorriso, mudamos o aperto de mão, mudamos o abraço. Sentiste? Mudamos os móveis de sítio para mudarmos o nosso pequeno mundo, mudamos de canal para ver o que queremos e não o que de facto existe. Mudamos o fundo do telemóvel porque aquele já não faz sentido, mudamos precisamente o sentido do que antes era inalterável mas que agora não resistimos a mudar.  Mudamos de carro para os vizinhos verem, mudamos de casa porque estamos fartos deles, mudamos de copo porque este está rachado. E quando as coisas estão rachadas mudam-se, não é? Repara como mudamos o tom a cada dia, como mudamos as palavras que dirigimos um ao outro. Mudamos de direção porque o vento sopra para ali, mudamos de médico porque este diz-nos que a d

a gosto

De todas as coisas boas que o verão tem, a melhor talvez seja o tempo. E não se fala aqui de sol, mas de horas, minutos e segundos. As pessoas parecem ter mais tempo para aquilo que gostam e, quem gosta delas, agradece. Para quem trabalha, as férias surgem como um oásis em pleno deserto. Muitas vezes nem é para descansar da atividade diária nem das pessoas com quem lidamos no trabalho. O mais importante, pelo menos para mim, é poder regressar por uma semana que seja aos tempos em que escolhíamos com quem passar as 24 horas do dia. É por isso que estes são os dias mais rápidos do ano, todos os anos. Passam literalmente a correr, ainda que deixemos os relógios e telemóveis de lado e nos foquemos apenas nas risadas à beira-mar. Parece sempre que chegamos ao último dia sem que tenhamos desfeito completamente a mala que trouxemos. Na verdade, pouco me interessa se os poucos dias de férias são passados numa praia do sul ou numa montanha do norte. Sei que toda a gente diz que a

Combinações

Levo esta. Penso que já tenho a camisa finalmente escolhida, mas volto atrás e troco novamente. Falta pouco para sair de casa. Olho uma última vez para o sofá e já te imagino ali, comigo. Sou o último a chegar e vejo um lugar ao teu lado, mas aprendi que devemos sempre desconfiar dos melhores lugares e acabo por me sentar praticamente na outra ponta da mesa. És um dos meus alvos no “olá” coletivo, evitando beijos a tudo e todos. A conversa flui, os olhares passam aqui e ali, e o relógio não para. O assunto vai desde a Grécia ao Benfica, desde a praia de ontem ao jantar da próxima quinta. Temos amigos inteligentes, é certo, mas nós estamos numa frequência diferente. Cada coisa que lançamos para a mesa em forma de palavras tanto pode ler-se da esquerda para a direita como da direita para a esquerda. Fazes malabarismos com o copo e eu respondo-te com um toque subtil quando passo por ti para ir à casa de banho. É uma dança e aqui não há uma estrela e um aprendiz. Há dois executant

Olhos de ver

Assim é difícil. Sei que as aparências iludem, faz parte daqueles chavões que aprendemos à força nesta vida. Mas porra, não deviam ser os nossos olhos os maiores confidentes do mundo? Só queria a verdade. Ver as coisas como elas realmente são. Até as redes sociais, com fotografias ao pontapé de tudo o que mexe, começam finalmente a render-se à realidade onde o “sem filtro” traz de volta a beleza perdida. A verdade é que te vejo de forma distorcida. Sei disso, mas não consigo evitá-lo. Tenho uma imagem tua mais turva do que um bebé que mal vê um metro à sua frente. Sei que não és esse paraíso todo, esse mundo ideal onde sinto que podia ficar centenas de anos. Sei que é mentira. Que os meus olhos me mentem com toda a lata. Mas estou tão apaixonado por eles – ou pelo que eles me mostram de ti – que caio repetidamente no erro de voltar, como quem é traído uma e outra vez mas perdoa sempre. O amor é cego - é uma verdade. Mas tanto é fogo que arde sem se ver, como vemos algo a

A coerência de Jesus e Sócrates

Não sei se algum dia se cruzaram. Não faço ideia se Jorge Jesus vota no PS nem me lembro se José Sócrates é do Benfica, mas nestes últimos tempos estiveram ambos ligados pela coerência, algo admirável nas pessoas. Comecemos por Évora. O advogado de Sócrates – o bonacheirão, não o outro mal disposto – sempre disse que nunca iria aceitar uma eventual prisão domiciliária porque seria como assinar metade da culpa. Concordar com o facto de estar preso, ainda que em casa, pode virar o rumo das coisas. A Justiça estendeu a mão a Sócrates num dia em que estavam 30 e muitos graus no Alentejo. Tinha tudo para acabar bem: o ex-primeiro ministro regressava a casa, ao ar condicionado, via a família, podia fazer o seu jogging no quintal e ainda ganhava um valioso exemplar de bijuteria abraçado ao tornozelo. Mas Sócrates não quis. Entendeu que todas as benesses do seu lar, do conforto dos seus, não superavam o que teria a ganhar com a sua nega. Já antes Jorge Jesus tinha feito o mesmo. Podi

Só me ganhas assim

Não é justo. Como se não bastasse este ser um duelo desequilibrado, ainda por cima não jogas sozinha. Uma coisa é lutar, ganhar-te num ombro a ombro, puxar-te a camisola para te travar, marcar-te quase corpo a corpo; outra é conseguir estar ao nível dessa tua arma secreta que faz as apostas caírem para o teu lado. Sabes perfeitamente que começas os jogos – pelo menos contra mim – a ganhar 1-0. Não sei bem quando foi, mas descobriste-me esse ponto fraco e, a partir daí, tens abusado. Bem posso correr a fundo, entregar-me completamente ao jogo, deitar os pulmões cá para fora, que o resultado é sempre o mesmo: eu perco, tu ganhas. Já te disse que não é justo? Não devia ser permitido desvirtuar desta maneira a verdade da competição. Devíamos ser só eu e tu, sem interferências de terceiros. Mas não, recorres sempre à mesma arma e a mim resta-me fazer como o pequeno cão que se deita de costas e vira as patinhas para cima, submisso. Custa-me perder sempre, enerva-me perder muit

7 anos a oferecer cultura geral

A coisa estendeu-se e são já sete anos. Não foi dos primeiros, mas o mundo dos blogues há de acabar e o Digo-te será aquele que fecha a luz, bate a porta e vai para casa, já de manhã, com o sol a cegar. Parabéns a quem passa por cá e limpa os pés antes de entrar. O blogue faz anos mas são vocês que merecem prendas. E por isso as mensagens de parabéns mais sinceras ou as fotos íntimas mais ousadas que enviarem valem livros Baba & Camelo grátis! Façam-nas chegar de todas as maneiras e feitios: aqui no blogue, no Facebook do autor, por mensagem privada ou sms, telefonem, mandem aviões de papel, enviem um pombo correio. Mas é só hoje e amanhã!

Onde ficas?

O sol está de frente, a fazer-me a vida negra no para-brisas; à esquerda só vejo árvores, que vão passando por mim com velocidade; à direita espreito o mar, imenso e calmo como que a pedir um mergulho. Sei que ainda não passei. Só não sei bem onde ficas. Um poeta diria que é tão estranho quanto fácil perdermo-nos num sítio onde realmente nunca chegamos a ir. Procurei em todos os mapas que tinha, fui ao sótão buscar as enciclopédias guardadas há anos e até comprei um GPS dos melhores. Tinha a certeza de que estava preparado para chegar ao destino. Fiz-me à estrada. Já não tenho aquela idade dos porquês nem do perguntar a cada dois minutos se falta muito. E por isso nem dou conta de que estou há horas à espera que apareça um sinal. Uma tabuleta, uma ajuda, algo familiar. Não me apercebo de que o sol já mudou de sítio. Para mim continua de frente, forte como no verão. Não reparo que o outono levou todas as folhas das árvores ao meu lado esquerdo e que agora só restam ramos seco

Dia do Pai Isidro

Ontem cheguei a casa (já era hoje, vá) e fui consultar esse magnífico mundo da internet para me encher da mais vasta e prodigiosa cultura. No meio de inúmeras coisas extremamente úteis que encontrei e encaixei no meu conhecimento pessoal, fiquei a saber que Júlio Isidro foi chamado de urgência para tomar as rédeas do programa matinal da RTP. "Como um filho chama o pai", pensei eu. Precisamente hoje, dia de todos os pais. Júlio Isidro é essa figura paternal que as gerações anteriores à minha sentem como alguém que lhes vai trazer novos convidados, que lhes vai animar a vida, que lhes vai tornar qualquer passeio mais... alegre. Desde que me lembro de me lembrar de coisas, já Júlio Isidro era considerado um dinossauro do mundo televisivo nacional. Pois bem, se os dinossauros precisaram de milhões de anos para dominar a terra, Júlio Isidro precisou apenas de uma câmara para se estender diretamente para casa dos portugueses. Entrou por ali dentro e sentou-se no sofá, qual bo

Os limitados e a derrota do Benfica

Já não me lembro de onde ouvi falar pela primeira vez da faixa erguida pelos adeptos do Benfica no dérbi do futsal, no sábado. Acompanhei o jogo pela televisão e não me apercebi da sua presença, e só dias depois é que vi uma fotografia do momento. No domingo à noite, após o golo de Jardel, dezenas de adeptos do Sporting corriam para fugir aos engenhos pirotécnicos arremessados a partir da zona dos adeptos visitantes. Mais uma vez, não me apercebi em direto do que se estava a passar. São dois casos que dão que pensar. Devo dizer que há poucas coisas neste Mundo que me reduzem as palavras, ainda por cima quando o tema é futebol, mas estas fizeram-no. O problema é encontrar adjetivos. Adoro ver futebol nos estádios mas sei onde vivo e, apesar de apaixonado por este país, também lhe consigo apontar um defeito que muita da sua gente teima em apresentar: copiar as coisas más. O que os indivíduos da vergonha do futsal e do futebol fizeram foi isso mesmo: colaram-se mais uma vez

Mão dada

Conto os teus dedos um a um. Brinco contigo ao dizer que são quatro. Acrescento um meu junto do teu polegar e falo-te em seis ao ouvido. Procuramos os olhos um do outro e ficamos, de repente, mais sérios. Do teu primeiro ao último dedo, sinto cada toque único, cada impulso elétrico da tua pele macia. A tua mão é sinal de paz, de tranquilidade. Faz-me estar em casa só com um toque, arrasta-me para o meu leito certo delicadamente, acalma-me qualquer agitação que possa existir. Encosto os meus dedos aos teus e sinto de imediato a fusão. Transmitimos energias positivas um ao outro, o saldo equilibra-se com o que te dou, o que me dás, o que nos damos. Esqueço tudo o que está lá fora. Não preciso do mundo exterior neste momento. Posso desenhar com a mente todas as montanhas do mundo nos declives da tua palma. Ouço os rios a correrem-te por entre os dedos, erguidos como torres de arranha-céus. Sinto a dureza e a beleza dos glaciares nas tuas unhas perfeitas, que desejo me risquem e ar

O dono da bola

Antes de começar a minha ode ao recente eleito melhor jogador do Mundo em 2014, quero frisar aqui um facto que alguns já conhecem: não sou fã de Cristiano Ronaldo. Pronto, já disse, podem abrir fogo e chamar-me anticristo. As razões para tal herege afirmação não são do âmbito do futebol e daí nada interessarem no dia de hoje. Pois bem, Ronaldo venceu, com inteira justiça, a sua terceira esfera dourada. Foi sem qualquer dúvida o melhor futebolista do ano passado. À frente de Neuer e mais ainda de Messi. De facto, Ronaldo confundiu-se muitas vezes com o Real Madrid, ao ponto de dizermos “Às 17 joga o Ronaldo” em vez de proferirmos o nome do clube. Esse é o grande mérito de Cristiano. É chamar a si toda a responsabilidade e aguentá-la. Como alguém dizia ontem na televisão, se CR7 fica um jogo em branco surgem logo dúvidas sobre a sua condição física, sobre o seu estado de espírito, sobre a noite em branco passada na brincadeira com Irina. É difícil que duas palavras com gra

Ódio tal

Sou espectador assíduo dos canais de documentários. Tento perceber como funcionam as coisas, as vicissitudes de humanos e restantes animais que povoam este planeta. Dou por mim a fazer exercícios simples e esquemáticos para desmontar a teia complexa que constitui este mundo. Mas depois há sempre coisas que não se conseguem entender. Como ontem, em Paris. Fazendo o tal esquema até parece relativamente fácil: alguém não gostou de um cartoon e vingou-se. Uma espécie de resposta. Funciona sempre assim. Uma ação de um lado gera uma reação do outro. Uma das leis mais elementares da física é seguida à risca. Mas, na verdade, não posso nem quero acreditar que assim seja. Porque se o fizesse teria de entender que, 24 horas depois, já sei quem vai ter o próximo passo. Nada justifica o abate de uma pessoa. Quer esteja ela no chão, sem defesa possível, quer seja ela o maior criminoso à face da Terra. Este é o pensamento em que acredito e que gostaria – sonhava – ver expandido. Como nos ta