Em tempo de eleições são poucos os debates que tenho visto,
pelo menos em direto, por motivos profissionais. A box permite andar para trás
mas as discussões sobre quem trouxe a troika são tão enfadonhas que, mesmo
perante a sexy Ana Lourenço, acabo por desistir e entregar-me à minha cama de
corpo e alma. Há, no entanto, um programa televisivo que me agarrou pela madrugada
dentro e no qual os nossos políticos encaixavam tão bem como o corno de um toiro na
nádega de um toureiro. Chama-se Aventura à Flor da Pele (Naked and Afraid no original), é transmitido no
Discovery Channel e consiste num homem e numa mulher que são largados num destino
inóspito, sem comida, água nem roupa, tendo de sobreviver durante 21 dias. Pelo
que sei podem apenas levar numa bolsa um objeto escolhido por si. Ora, não vejo
desafio mais propício aos cinco líderes dos chamados partidos do arco da governação.
A primeira dupla seria a mais óbvia: Passos e Portas. Ambos
dormiriam agarradinhos um ao outro
como o fazem com o poder e as coisas teriam obrigatoriamente de funcionar bem em equipa, caso contrário o Paulinho das Feiras avançaria com ameaças irrevogáveis de desistência. O que escolheriam como objeto?
como o fazem com o poder e as coisas teriam obrigatoriamente de funcionar bem em equipa, caso contrário o Paulinho das Feiras avançaria com ameaças irrevogáveis de desistência. O que escolheriam como objeto?
Suspeito bastante que o nosso primeiro-ministro ia levar… um
protetor solar. Não é que Pedro Passos Coelho seja piegas – nada disso! – mas tem
a experiência do sol da Manta Rota e, além disso, quer evitar a todo o custo
uma ida às urgências por uma insolação e as respetivas taxas moderadoras. Já
Paulo Portas levaria uma arma, apesar de não fazer ideia de como dispará-la
pois falhou o serviço militar, o que não o impediu de chegar a ministro da
Defesa. Uma shotgun dá sempre jeito, seja para abater um javali ou silenciar
alguém a questionar sobre a compra dos submarinos. E mesmo que não seja ele a
disparar, há de haver alguém com quem coligar-se para tal.
A segunda dupla levaria António Costa e Jerónimo de Sousa ao
inferno. Aqui uma aliança já seria mais complicada: os únicos Jerónimos que o
líder do PS tem em conta são os do Mosteiro na sua anterior autarquia, enquanto
que, para o homem-forte da CDU, Costa só a de Caparica, que até é perto da
Atalaia.
Quanto aos objetos, Costa levaria uma enxada. Não que a
fosse usar, mas para o caso de encontrar um refugiado sírio numa floresta
nacional, criando-lhe de imediato um posto de trabalho. Já Jerónimo levava
consigo uma nota de 10 contos. Agora que iria ficar longe da civilização,
poderia cumprir o seu sonho de voltar ao escudo à vontade.
Por fim resta Catarina Martins. Bem, o programa tem de ser a
dois e portanto ia abrir-se uma exceção e permitir que a líder do Bloco de
Esquerda pudesse ter a companhia… de outra mulher! Joana Amaral Dias seria a
eleita, pois claro, e por todos os motivos. Primeiro porque já todos os homens
a imaginaram como veio ao mundo, portanto as audiências iam disparar; segundo,
já posou para duas revistas nesses preparos, mostrando que uma mulher grávida
não perde a sensualidade; e terceiro, Catarina e Joana podiam finalmente fazer
as pazes e unirem-se em… bloco. Caso a coisa não corresse assim tão bem, podiam
sempre lutar na lama.
Catarina Martins levaria, obviamente, uma caixa de primeiros
socorros, que isto de ir contra tudo e contra todos causa nódoas negras com
fartura e na sua profissão de origem (atriz) não vai lá só com os seus olhos
verdes. Joana Amaral Dias faria acompanhar-se de um CD do Agir. Não, não do
partido AGIR do qual faz parte, mas sim do filho de Paulo de Carvalho. É que
apesar de alegadamente serem ambos a favor das drogas, o partido tem 6 mil
seguidores no Facebook e o cantor 247 mil.
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