Um círculo vermelho. E tu no meio. É assim, tão simétrica, a nossa existência. Não fosse o rock’n’roll assolar-me os ouvidos, não fossem os velhos e bons Stones ditarem o ritmo, e era nas tuas curvas que leria a pauta.
Autêntica clave, mais forte do que o sol, com mais classe do que a lua. Se nas veias o sangue corre sempre em frente, na cabeça o pensamento diverge sobre todos os caminhos a tomar para chegar a ti. Somos o mapa de nós mesmos, já criámos até um caminho novo, que ninguém tinha previsto e que ninguém percorrera antes.
Sem indicações, lá seguimos viagem, cientes de que 2+2 só
são quatro se quisermos. Liberdade completa, foi também para isto que Abril
nasceu. Existimos em todas as línguas, somos vistos em todos os gestos. Não é
preciso explicar a ninguém, porque ninguém ia entender. E, no entanto,
entendem-nos desde o princípio.
Não fomos feitos um para o outro. Não somos o testo da
panela, não encaixamos como Legos, nem temos penteados à Playmobil. Mas a forma
como encontramos soluções juntos, a maneira como contornamos problemas como
quem contorna rotundas, a via prioritária que estabelecemos um com o outro não
dá para enganar. Aqui não haveria dúvidas, seríamos os dois culpados em caso de
acidente. Dois feridos graves com igual diagnóstico. Dois intensivos à partida
e resistentes à chegada.
Estamos aí para contar a história. A nossa. Porque histórias
há muitas, como dizia o outro sobre os chapéus. Palermas somos todos em determinados
momentos, mas o amor é assim: tosco e um pouco desajeitado até. Um livro sem
instruções que folheamos juntos, página a página, em descoberta total.
E, se por algum motivo, montarmos a cena ao contrário, temos
as chaves necessárias para voltar atrás e recomeçar. Porque parafusos não nos
faltam, enroscamos como ninguém e por um aperto ou outro todos passamos.
Interessa é chegarmos ao fim.
Qual é o nosso? Pouco importa, deste que vejamos o fogo de artifício juntos. E abraçados, que o calor aguenta-se bem, como dirias.
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