Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2016

O amor quer-se bem passado

Andava eu a ouvir músicas ao acaso, nessas viagens loucas que o Youtube nos proporciona, quando ouvi a maior verdade do dia, se não mesmo do ano. O amor quer-se bem passado. É isto, sem tirar nem pôr, que no que está bem não se mexe. De facto, o amor não se quer morno, não rima com semifrio e não nasce no gelado. O amor precisa de ser cozinhado, bem cozinhado, para matar todas as bactérias. É ardente e, portanto, tem de ser fervido. Ao lume, a vapor, no forno do coração. No amor não há lugar a meio termo. Não há ninguém que, como o empregado da cervejaria, entenda que queremos o prego “médio”. O amor não pode ser cru. Um amor de sushi não flutua, um amor de tártaro acaba – acreditem – por ir ao fundo. Não é difícil entender que um amor não pode ter sangue. Que a desculpa de que assim fica tenrinho, que não fica seco, que é mais saboroso, são tudo tretas de quem nunca cozinhou um amor a sério. De quem nunca temperou um amor com o sal das próprias lágrimas, de quem nunca o

"Ninguém" é tudo

Nunca subestimar o poder de uma música. Aprendam, faz sentido. Que ninguém duvide disso. Que ninguém pense o contrário por um segundo que seja. Porque ali, naquele momento, só estava eu. Tanta gente à minha volta e só estava eu. E mais ninguém. Ninguém podia estar ali para além de mim. À primeira vista podia pensar que sim, que tu podias perfeitamente estar ali, que estavas em todas as notas daquela música. Que pairavas naquele ar, que estavas à distância de um sono. Que estavas ali comigo. Mas não estavas. Não estava ninguém. Quando a letra me dizia que aquele era o meu lugar, quando as luzes davam cor ao que os olhos só viam a preto e branco. Quando um sorriso forçado me servia o último copo da noite, quando passava a mão pelo cabelo, quando sorria, fechava os olhos e levantava a cabeça. Era só eu. Eu e ninguém. Não estavam as tuas cores, não estavam os teus sons, não estava a tua força. E ainda assim lá estava eu, fechado como um bebé na barriga da mãe. A sorrir feito