Os bilhetes normais estão em extinção. É uma realidade que
não mais pode ser escondida. As pessoas habituaram-se a ter descontos por tudo
e mais alguma coisa e poucos são os que não apresentam um cartão, uma
justificação ou uma criança pela mão que os leve a ter um bilhete especial.
Pode até nem ser mais barato, não pode é ser normal! O
estimado leitor pode fiar-se no que estou a dizer, garanto-lhe. O problema não
está no preço, está no facto de não sermos diferentes se não tivermos o nome na
guest e não houver passadeira vermelha.
Ter um bilhete especial é não ser ninguém a abrir-nos a
porta, mas sim termos a chave. É sermos do clube Bertrand quando os outros são
do Benfica ou ter um cartão da Sacoor quando os outros têm sacos de cartão.

A febre espalhou-se, qual peste bubónica, e não há nada a
fazer. Prevejo que, dentro de poucos anos, as pessoas visitem museus para verem
bilhetes da Rede Expressos sem a marca CARTÃO JOVEM. E paguem o bilhete desses
mesmos museus com desconto do cartão FNAC, Clube Lacoste ou Hamburgueria do
Bairro’s Family.
E que chegue lá eu: “Era um bilhete normal, se faz favor” –
“Desculpe, só temos de estudante, pensionista, criança, criança de colo,
criança amamentada, militar, sócios ACP, membro da Ordem do Infante D.
Henrique, colaborador do Jornal do Fundão, TAP Silver e Louis Vuitton Exclusive
Special Guest Card – Golden Edition. Normais só ao terceiro domingo de cada
mês”.
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