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O dono da bola

Antes de começar a minha ode ao recente eleito melhor jogador do Mundo em 2014, quero frisar aqui um facto que alguns já conhecem: não sou fã de Cristiano Ronaldo. Pronto, já disse, podem abrir fogo e chamar-me anticristo. As razões para tal herege afirmação não são do âmbito do futebol e daí nada interessarem no dia de hoje.

Pois bem, Ronaldo venceu, com inteira justiça, a sua terceira esfera dourada. Foi sem qualquer dúvida o melhor futebolista do ano passado. À frente de Neuer e mais ainda de Messi. De facto, Ronaldo confundiu-se muitas vezes com o Real Madrid, ao ponto de dizermos “Às 17 joga o Ronaldo” em vez de proferirmos o nome do clube.

Esse é o grande mérito de Cristiano. É chamar a si toda a responsabilidade e aguentá-la. Como alguém dizia ontem na televisão, se CR7 fica um jogo em branco surgem logo dúvidas sobre a sua condição física, sobre o seu estado de espírito, sobre a noite em branco passada na brincadeira com Irina.

É difícil que duas palavras com grafia tão diferente rimem tanto como o fazem Ronaldo e golo. O madeirense aperfeiçoou-se de tal maneira que não há ali mais arestas para limar. Deve ser difícil para um adepto do Real Madrid aceitar que, aos 10 minutos de jogo, Cristiano não tenha ainda apontado um hat trick, feito aquele rodopio que celebrizou e lançado o famoso grito de guerra que ontem quase me furou o tímpano direito.

O segredo? Todos o dizem: trabalho. Ronaldo trabalha mais do que devia ou do que, pelo menos, era suposto. Vive para o trabalho, assim como o trabalho – leia-se futebol – vive de si. Só esta simbiose pode explicar as lágrimas e a voz pouco masculina na conquista de há um ano. Só esta dependência mútua, entre homem e desporto, pode percorrer Mundo e meio até aos confins do planeta e fazer sonhar um miúdo como Martunis.

O lugar na história está mais do que cimentado, num betão reforçado que faria inveja a Luís Militão. Ronaldo é hoje o expoente, daqueles elevados e que me deram tantos pesadelos na matemática do liceu, do desporto. E aqui não vou acrescentar as palavras nacional ou mundial.


Ronaldo é o melhor. Melhor do planeta, e não melhor do que este ou aquele. E porque isto dos textos é como o ovo nos bitoques, o melhor fica para o fim. Senhoras e senhores, passo a citar Cristina Ferreira na sua crónica semanal no jornal em que ambos temos o privilégio de participar (aliás, a escrita é a única maneira em que consigo percebê-la sem ter de colocar o volume no mínimo): “No pódio, o primeiro lugar tem sempre a mesma altura”.

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