Já uma vez escrevi que as pessoas deviam ter sensores de estacionamento como os carros. E desta vez volto à carga. Tal como eles passam
na estrada com chuva e nos molham completamente, também as pessoas salpicam as
outras com as ações que têm. E eu – quem mais – tenho uma solução.
De facto, tal como os popós têm logo atrás dos pneus, também
nós devíamos ter uns para-lamas que protegessem quem anda na sua vida e de vez
em quando tem de levar com as nossas porcarias.
Ninguém tem dúvidas que quando andamos de rastos lançamos
lama aos sete ventos, que quando andamos à chuva fartamo-nos de meter e mandar
água, que quando somos gélidos sopramos esse frio em todas as direções. Rolamos
desenfreadamente sem pensar nos peões que por ali andam, nas crianças que vão
atrás da bola, nos cães que correm atrás do carteiro.
Os para-lamas iam evitar isso tudo. Não tinham de ser uns
monos de borracha preta, atenção! Uma coisa gira, fashion, de uma qualquer
marca da moda dos centros comerciais. O que interessava era que a nossa
negatividade esbarrasse nessa barreira e voltasse para nós, como se fosse um
segundo round. E era tempo de cerrar os dentes novamente que desta é que vai
ser. Nós fizemos, nós limpamos.
E, mudando de lado, podíamos passear descansadinhos na rua,
comer e beber como manda o malhão, porque nada externo nos ia atingir. Sabíamos
que não ia sobrar para nós. Ninguém gosta de sobras. A não ser para fazer roupa
velha.
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