O mundo olha com atenção para o que se passa nos Estados
Unidos. Ou melhor, nuns surpreendentes Estados Divididos da América, nos quais a possibilidade de um pesadelo ao nível do melhor terror de Hollywood é assustadoramente
real. É que Trump está mesmo na luta.
Há meses que o anunciava. Disse sempre, por entre ameaças à
sociedade, que ia vencer as eleições. Contudo, ninguém acreditou que pudesse
sequer discutir com o estatuto de Hillary. Quer porque a ex-primeira dama gozava
de grande popularidade, quer porque o mundo ria-se de um ricaço que se
apresentava às eleições de forma exuberante.
Aliás, Madonna disse ontem que o mundo continua a rir-se dos
EUA. E é verdade, por duas razões. A primeira porque a missão de um palhaço no
circo é fazer rir as pessoas. Trump assumiu a postura do
palhaço das eleições norte-americanas, usa o espalhafato, o ar bonacheirão e o lustre do cabelo para arrastar multidões. O problema é o segundo motivo pelo qual o mundo se ri de Trump. É que uma das reações possíveis ao medo é precisamente o riso.
palhaço das eleições norte-americanas, usa o espalhafato, o ar bonacheirão e o lustre do cabelo para arrastar multidões. O problema é o segundo motivo pelo qual o mundo se ri de Trump. É que uma das reações possíveis ao medo é precisamente o riso.
Eu penso assim: o mundo tem medo de Trump e ri-se dele para
diminuir essa carga dramática. No fundo, o mundo interroga-se por entre
sorrisos amarelos como é que o magnata conseguiu chegar até aqui; como saiu
vivo dos muros que promete construir; como não feriu os seus apoiantes com as
armas a que promete dar ainda mais voz na América.
Em Portugal também se nota. Nunca antes tinha visto uma
inclinação tão grande na comunicação social. O riso por Trump está presente em
todas as reportagens de campanha, em todos os diretos e em todas as análises.
Para segundo plano ficou a isenção, caída aos pés de algo muito maior que pode
estar para acontecer. Entendo. Não vejo outra opção que não seja publicitar as
façanhas e promessas inacreditáveis do candidato republicano da mesma forma que
ele o faz. Os jornais podiam deixar os eufemismos de lado… se os houvesse.
Trump nunca os usa, diz a (sua) verdade de forma nua e crua. E,
surpreendentemente, avança.
A sua eventual vitória será um teste de fogo ao mundo
ocidental. Sempre aprendi que com o fogo não se brinca e tenho esperança que do
outro lado do mar pensem de igual forma. Falta pouco para descobrir.
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