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Luís Simões - um homem de L a S mas que por vezes veste XL (parte IX)


No final do primeiro mês de Erasmus em Salamanca, a minha pessoa já se tinha inteirado da realidade espanhola. Sabia qual o supermercado mais barato, que toda a gente em Salamanca é do Real Madrid, que os espanhóis são viciados na lotaria, que as lojas fecham durante a sesta e que a noite de Salamanca é tudo aquilo e mais alguma coisa do que se diz.

Dizem que a primeira vez fica na memória para sempre. Meus amigos, é a mais pura das verdades. E a minha foi com duas meninas. A primeira vez que saí, entenda-se, que este é um blogue sério e não há cá espaço para essas poucas vergonhas. Essas duas pessoas, as tais que também vieram de Coimbra, rapidamente se tornaram num apoio fundamental para a minha estadia em Espanha. E assim permaneceram até ao final, ganhando um passaporte de amizade, que só peca por não ter sido passado mais cedo.

Mas estava eu a falar da noite. Admito que os espanhóis gostam de festa e Salamanca dá-lhes todas as condições para isso. É uma cidade relativamente pequena, em que dá perfeitamente para andar a pé entre as zonas de animação noturna, e tem muita escolha! Para terem uma ideia, contei mais de 60 bares e discotecas. Os espanhóis gostam de ouvir música nacional, pelo que me habituei a entoar alguns refrões nos espaços da moda, músicas que nunca mais voltei a ouvir quando regressei. As bebidas são caras para a realidade portuguesa e nem sempre têm a qualidade desejável, mas a barra libre (bar aberto), que era sistematicamente praticada nas festas, rapidamente nos fazia esquecer esse aspeto. Curiosamente, tal sistema foi proibido pouco antes do meu regresso a Portugal, por incentivar ao consumo de álcool. 

As discotecas de Salamanca são simples, sem grandes decorações e atrações musicais, mas têm três coisas raras em Portugal. A primeira é que abrem e enchem bastante mais cedo. Enquanto que cá parece não fazer sentido entrar num estaminé destes antes das 3h, em Espanha as pessoas saem de casa mais cedo e é natural as ruas estarem cheias à meia noite. O segundo aspeto positivo diz respeito à não existência de consumo mínimo. Tu entras e sais, vais e vens, fora dentro, tal como... uma chave numa fechadura e, como ela, só rodas se quiseres. E para o fim guardei o melhor de tudo, justamente como as crianças guardam o ovo do bitoque: é proibido fumar em todos os espaços públicos fechados. Para além do óbvio benefício pulmonar, chegas a casa a cheirar ao teu desodorizante barato ou à cerveja que te viraram em cima.

As festas são diárias e, muitas delas, temáticas. Quase sem querer fui parar a uma cujo tema era o Coyote Bar, com tudo o que isso envolve. Passei por outra dedicada aos portugueses e brasileiros da cidade, onde resolvi um problema diplomático entre um chileno e uma brasileira. Ambos queriam levar a bandeira do Brasil para casa. Luís Simões, com todo o seu poder negociador, acabou por impor um acordo entre as partes e o estandarte lá foi, naturalmente para casa do chileno. Mas a festa que talvez me tenha surpreendido mais em Salamanca foi, na verdade, uma farsa! Mas, se foi uma farsa, como pode ter sido um festão, perguntam vocês? A resposta é esta: os salmantinos simulam uma passagem de ano. A explicação é que assim os estudantes de fora podem festejar tal evento na cidade. Portanto entrei em 2013 quinze dias antes do resto do mundo e por isso o meu ano vai ter 380 dias. Será um ano cansativo mas pelo menos tive a sorte de não ser bi. Bissexto, porra.

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