Avançar para o conteúdo principal

Os amigos veem-se...


Quem me conhece sabe que não gosto de provérbios, frases feitas e clichés. E faço, ou tento fazer tudo para os contrariar e sair vencedor. Não sei porquê, mas esta é a verdade. E alguns desses lemas deixam-me mesmo fora de mim. Senão vejamos o seguinte exemplo:
“Os verdadeiros amigos veem-se nos maus momentos.”
Com licença, caro leitor, que vou só ali dois minutos regurgitar a carbonara do almoço. Eu não acredito que haja um único ser neste mundo redondo que, ao pensar durante os dois minutos desta minha nojenta ação, não chegue à conclusão da farsa presente nesta tábua da sabedoria popular.
Vamos por partes. À partida, não tenho por hábito ter amizades falsas. Digamos que não me dá jeito. Quanto aos maus momentos, todos têm os seus, seja porque o nosso tio foi atropelado ou a miúda mais gira da escola nem sonha que existimos.
Mas voltemos aos amigos. Aos bons e verdadeiros desta vez. Suponha o leitor que está num momento terrível da sua vida, o céu parece que lhe vai cair em cima e a sua cabeça é um vulcão. Eis que um amigo se aproxima e lhe põe a mão no ombro (sem segundas intenções, vamos ser claros!). A conversa flui e o leitor vai para casa bem mais leve, a pensar: “Epá, aquele gajo realmente é um porreiro. Tenho ali um verdadeiro amigo!”.
Desculpe? Sejamos claros. Ninguém descobre isso, ninguém pensa assim. E porquê?
Pensai comigo. Há algo mais irritante do que existir alguém que só vai ter connosco quando estamos de rastos, a repetir constantemente: “Vá laaá…”?
Há.
Na minha modesta opinião, é ainda pior quando estou em boa onda, quando tudo me corre bem, e os meus amigos não partilham esse espírito comigo, não estão lá para me dizer: “Eeeelaaaá, que alegria que para aí vai! O que fumaste?”.
Tiramos fotos com os amigos para recordação… nos bons momentos, certo? Quando estamos rodeados de amigos - dos verdadeiros se lhe quiserem chamar assim – e que são fundamentais para que não aconteçam os maus momentos. E se acontecerem, os “verdadeiros” amigos não surgem como super heróis. Eles já lá estavam.
Lembre-se, excelso leitor. Um amigo pode até nem perguntar muitas vezes se estamos bem. Sabe que se acontecer alguma coisa, iremos chamá-lo. Um amigo tem essa confiança em nós, e nós temos essa confiança nele. Por isso é que uso uma versão diferente daquele cliché.
Um amigo vê-se.

Comentários

Os mais vistos do momento

É dia de baba!

Baba & Camelo chega hoje vai passar tudo por aqui! Porquê Baba & Camelo? O nome do livro vem da sua configuração: está dividido em duas partes. A primeira (Baba) inclui soberbas obras de arte literárias, dignas de prémios internacionais, que deixarão o leitor precisamente de queixo caído, babando-se inevitavelmente. A segunda (Camelo) englobará pura verborreia, de qualidade a rasar a fossa, a chamada escrita de trazer por casa, que levará certamente o leitor a dedicar-me alguns dos mais tenebrosos insultos possíveis na Língua Portuguesa.  Além disto, este título vai permitir-me ainda atrair incautos curiosos, pensando eles tratar-se de uma coleção dos famosos cartoons de A Bola chamados ‘Barba e Cabelo’, bem como donas de casa enganadas por um suposto guia de receitas de doces conventuais com um nome muito semelhante. Baba & Camelo É para o menino e para a menina!

Ódio tal

Sou espectador assíduo dos canais de documentários. Tento perceber como funcionam as coisas, as vicissitudes de humanos e restantes animais que povoam este planeta. Dou por mim a fazer exercícios simples e esquemáticos para desmontar a teia complexa que constitui este mundo. Mas depois há sempre coisas que não se conseguem entender. Como ontem, em Paris. Fazendo o tal esquema até parece relativamente fácil: alguém não gostou de um cartoon e vingou-se. Uma espécie de resposta. Funciona sempre assim. Uma ação de um lado gera uma reação do outro. Uma das leis mais elementares da física é seguida à risca. Mas, na verdade, não posso nem quero acreditar que assim seja. Porque se o fizesse teria de entender que, 24 horas depois, já sei quem vai ter o próximo passo. Nada justifica o abate de uma pessoa. Quer esteja ela no chão, sem defesa possível, quer seja ela o maior criminoso à face da Terra. Este é o pensamento em que acredito e que gostaria – sonhava – ver expandido. Como nos ta

Vítor vs Álvaro

Vítor Gaspar e Álvaro Santos Pereira fazem-me lembrar um casal de namorados ao telefone, a ver qual dos dois desliga primeiro. E se o Ministro das Finanças está preocupado com o saldo do telemóvel, já o Ministro da Economia não se entende com ele, talvez devido ao sotaque luso-canadiano, estilo Nelly Furtado. Nos últimos dias tenho assistido com muita curiosidade ao desenrolar da batalha entre Gaspar e Santos Pereira. Não estivesse o país em crise e penso que o governo deveria distribuir pipocas e óculos 3D, porque este é um daqueles filmes que só não levou uma estatueta para casa por ser uma comédia romântica. Desliga tu! Não, não, tu primeiro! Então vá, vou contar até 3 e desligamos os dois. Um… dois… três! … Aaaaaaaaaahh, eu sabia! Embora neste caso seja mais: Corta tu! Não, não, eu já cortei o subsídio de Natal! Então vá, vou contar até 3 e cortamos os dois. One… two… Fala-me em português! Tens a mania que vens lá das Américas! Tu não fales mal d