Fantasmas, sangue, violência, morte, trovoada, viajar de avião, monstros, espíritos, barulhos, cobras, aranhas ou abelhas. O que têm em comum? Assustam milhares de pessoas.
Pois no meu caso, o que me assusta mais não se pode inserir nesta categoria. Nem em nenhuma outra. 22 anos depois de pisar este mundo concluo que o que mais me assusta não é um objeto, um animal, um som. E no entanto mete-me mais medo ainda porque, ao contrário de todos estes, não posso fugir ou abrigar-me.
Sinto o terror quando olho e não vejo nada. Quando alguém escreve e apenas saem riscos sem sentido. Podemos até encher folhas e mais folhas. Arrepia-me olhar para cada uma delas e ver apenas os riscos, um após outro.
Costumo ser e dar-me com pessoas positivas e otimistas. Com uma visão mais leve do mundo.
Mas sabem o que me assusta a sério?
Palavras que me chegam vazias de conteúdo. Olhares que me fixam, e que se eu também os fixar, esfumam-se na cor pálida dos olhos de onde vêm. Coisas frágeis. Aparentemente sólidas, mas prestes a desmoronarem-se. Temo a ilusão e tudo o que ela nos quer fazer crer. Tenho pavor a qualquer tipo de fé e à maneira como nos cega.
Morro de medo de um dia perceber que determinada esperança pode ser mil vezes pior que a falta dela!
A verdade é que tremo só de pensar que o branco possa ser ainda mais escuro que o negro.
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