Avançar para o conteúdo principal

Cima ou baixo


É uma maneira muito própria de definir tudo e mais alguma coisa neste país e a verdade é que eu gosto dela. Nunca fui aquela pessoa de dividir as coisas por várias camadas, de as definir por estratos, ter vários separadores, uma pastinha para cada uma. Portugal não é assim mas, para o bem ou para o mal, lá vai funcionando dessa forma.

Cima ou baixo, ou acima ou abaixo, serve para nos orientarmos neste país cuja própria geografia tem por base a verticalidade. Não é à toa que quem mora em Lisboa vai lá acima no Natal e lá abaixo no verão. Ou que quando viajamos e pedimos indicações para encontrar aquele tasco, nos dizem do outro lado do telefone que é mais abaixo nessa rua.

No futebol, por exemplo, os treinadores reforçam que acima de tudo está a equipa, embora nos últimos tempos a bola fique abaixo do tema das arbitragens nas prioridades de quem fala aos adeptos. E isso danifica aquele sentimento de ir ao estádio no domingo à tarde com os amigos e procurar a nossa fila na bancada: “É aqui? Não, é mais acima”.

Admito que este país possa por vezes parecer um cinema. A cada estreia polémica de um novo tema, só falta perguntarem aos portugueses se querem sentar-se mais acima ou mais abaixo na sala. Cada um fica onde acha que vê melhor, o que não invalida que pouco depois haja um mea-culpa: “Devíamos ter ficado mais abaixo”.

Ao contrário, nas escolas todos querem ficar acima do 10, mas nem sempre é possível. E muitas vezes o problema residiu na noite anterior, quando se ficou a jogar ao ‘acima ou abaixo’ com um baralho de cartas e uma grade de cerveja.

A noite, aliás, também tem o seu ritmo. Começa normalmente de cima para baixo em termos geográficos, seja da Alta de Coimbra para a Praça da República ou do Bairro Alto para o Cais do Sodré. “Vamos para baixo?”.

E se o nível de álcool no sangue estiver acima do permitido na operação STOP ao final da noite, vamos ficar em baixo com as consequências que daí vierem. Baixam os pontos da carta e baixa o saldo da conta. O que vale é que os nossos amigos nos puxam para cima. E o que há acima da amizade?

Comentários

Os mais vistos do momento

Memória curta ou estupidez?

Ok. Eu não era nascido. Ok. Eu só sei o que me dizem ou o que leio. Mas por favor. Quando me dizem na cara que a ditadura devia voltar, que o homem governou bem o país e pior: que naquele tempo se vivia melhor que hoje, não merecem resposta. Sinceramente não percebo…

Meia dúzia!

O nosso querido tasco completa hoje seis aninhos hoje! Parabéns ao Digo-te que bem os merece pela meia dúzia. E é precisamente na meia dúzia que está o segredo! Confuso? Ainda não tens o Baba & Camelo, certo? O excelso registo bibliográfico com uma seleção dos melhores dos piores ditados que aqui foram escritos!  Então aproveita: neste aniversário de meia dúzia de anos, tens meia dúzia de dias para encomendares o teu livro por meia dúzia de moedas . Podes obter o Baba & Camelo de três maneiras: 1. Diretamente através da minha pessoa, por mensagem no Facebook (campanha meia dúzia!) 2. Através dos comentários do blogue (campanha meia dúzia!). Deixa o teu email - o comentário não será publicado. 3. No site da editora Bubok Portugal (sem campanha): http://www.bubok.pt/ livros/7106/Baba-amp-Camelo Nota: Baba & Camelo pode conter vestígios de frutos de casca rija.

momento de insanidade

Vamos de férias para o México com o dinheiro do último empréstimo que contraímos. Uma semaninha com a família na praia de barriga para o ar. Mas as saudades começam a apertar. Será que o Quique fica? Vou ou não votar no Vital Moreira? O que tem a Manuela Moura Guedes a dizer disto? No aeroporto, há que trazer uns souvenirs de última hora, e como toda a gente sabe, há muito que os sombreros deixaram de ser a imagem de marca do país. Foram substituídos pelas máscaras de combate à gripe dos porcos, ou lá o que é! Olha, perdeu-se o voo. Ainda bem, talvez este também vá fazer companhia ao carapau do atlântico. Da maneira que as coisas têm andado ultimamente, nunca se sabe! Ah, Lisboa! Sim, Portela, que para Alcochete ainda falta um bocado. Cansado da viagem, aquele filme também era uma seca e a comida… prefiro não falar que ainda vem tudo cá para fora! O que interessa é que estamos em casa, no nosso cantinho. Por falar em cantinho, deixa cá ir buscar o ouro escondido no sótão, q