Há 10 anos que escrevo um blogue. Há poucas coisas que faça
há tanto tempo. Talvez respirar, duvidar da meteorologia para amanhã ou tentar
adivinhar o preço da montra final.
Já aqui falei de tudo e na verdade ainda não falei de nada.
Porque, ao contrário do que recomendam os 750 manuais para ter sucesso “no seu
blogue”, o Digo-te não tem um tema específico. É como aquele nosso amigo que
não sabemos bem o que faz no emprego e que carinhosamente associamos à parte
logística.
Este blogue faz aquilo que os Gato Fedorento um dia
apelidaram de faturação de faturas. Não sabe o que faz, embora já devesse
saber, tal e qual um miúdo de 10 anos. Aprendeu a escrever e já pensa que é o
maior. Só pensa em si mesmo e goza com os miúdos que se inscrevem nos
escuteiros.
O Digo-te não é, de todo, pontual. Ora aparece com conteúdos
novos em dias seguidos, ora tira férias durante um mês inteirinho. É patrão de
si mesmo, como o Peixoto era quando Carlos Cunha fugia com a garota no atrevido
Maré Alta da SIC.
Aqui se escreveu sobre a grande crise portuguesa. A Troika
leu estas linhas com afinco e sei de fonte segura que Vítor Gaspar ainda tem o
‘Baba & Camelo’ na mesinha de cabeceira. O livro assinalou os cinco anos do
blogue e passou as baboseiras das internets para o papel. Porque sempre ouvi
dizer que as coisas só contavam quando passavam para o papel.
Por aqui passaram o dinheiro de Sócrates – metaforicamente,
caros amigos da PJ - , os submarinos de Portas e o Fator 5 do protetor solar de
António Costa. As Bolas de Ouro de Ronaldo estão cá, os U2 já por cá tocaram e
até Trump já esbarrou neste muro.
São 10 anos, meus amigos. E numa versão à minha maneira
(saudoso Zé Pedro!) do título biográfico de Pinto da Costa:
Largos dias têm 100
anos.
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