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A mostrar mensagens de outubro, 2013

Para-lamas

Já uma vez escrevi que as pessoas deviam ter sensores de estacionamento como os carros . E desta vez volto à carga. Tal como eles passam na estrada com chuva e nos molham completamente, também as pessoas salpicam as outras com as ações que têm. E eu – quem mais – tenho uma solução. De facto, tal como os popós têm logo atrás dos pneus, também nós devíamos ter uns para-lamas que protegessem quem anda na sua vida e de vez em quando tem de levar com as nossas porcarias. Ninguém tem dúvidas que quando andamos de rastos lançamos lama aos sete ventos, que quando andamos à chuva fartamo-nos de meter e mandar água, que quando somos gélidos sopramos esse frio em todas as direções. Rolamos desenfreadamente sem pensar nos peões que por ali andam, nas crianças que vão atrás da bola, nos cães que correm atrás do carteiro. Os para-lamas iam evitar isso tudo. Não tinham de ser uns monos de borracha preta, atenção! Uma coisa gira, fashion, de uma qualquer marca da moda dos centros comercia

Chama-se viver

A nossa condição humana – podem-lhe chamar fraqueza – não nos permite descer de um ponto alto como os pássaros fazem. Podemos sonhar ser Ícaros num ponto alto de uma montanha, podemos ser loucos, como poucos o são, mas não somos borboletas prontas a voar. A nossa fraqueza, às vezes cozinha a ambição mais relevante. Ou seja, o homem nunca se dá por vencido! Aos grandes génios, aos grandes intelectuais que forçam a gravidade e experienciam, noutra dimensão qualquer, o sabor do vento a passar pelas suas melhores receitas e antídotos para a vida… fiquem com a saudade das borboletas. Voar sem asas é algo que o sonho nos transmite. Podemos estar vazios… podemos querer arrancar a vida das mãos de alguém mais audaz e tentar seguir os passos, mas a máquina de dentro, o coração… é quem magica e fornece a força necessária a ser forte. Ninguém sente por acaso. Ninguém se dá por acaso. Ninguém se põe à experiência por acaso. Testar os nossos limites é uma lição. E dizer que nos conhecemos

Se soubesse o que sei hoje

Passamos a vida a lamentar, a olhar para trás, a recuar virtualmente no tempo e a desejar ter feito isto e aquilo. Estamos sempre a chorar por não ter um comando como o da Zon para poder andar uns dias, semanas ou anos para trás. E tudo isto vem servido com uma boa dose da frase típica, qual lema da vida ingrata, slogan da amargura, espelho de todos os males: Se eu soubesse o que sei hoje… Raios e coriscos, quem nos acode que na altura éramos burrinhos e andávamos de olhos tapados com palas que nos impediam de ver e aprender o que sabemos hoje. Socorro, socorrinho, que não fomos capazes de olhar para a frente, de antecipar e de – falando futebolês – jogar no erro do adversário. E pronto, resta-nos fazer birra e olharmos para trás a desejar o que não tivemos, agarrados ao que não temos, enquanto não somos os únicos a olhar o céu. Sorte maldita a nossa, portugueses, amaldiçoados pela satânica saudade, que é viscosa e se cola às nossas mãos como a resina dos pinheiros. Cola e

Ser amor

Se há um elogio que está na moda é chamar alguém de amor. Ser um amor é fashion, aparece nas revistas cor de rosa e tem espaço de antena no Fama Show. Habituámo-nos a ouvir “és um amor!” quando fazemos as vontadinhas todas, oferecemos presentes ou simplesmente ouvimos um desabafo completo. Imagine-se que até aos animais de estimação dizemos que são uns amores. Esta miúda nova da novela é um amor, o senhor Jacinto do talho é outro amor e o bebé da vizinha é mais um. Tudo uns amores, portanto. Contudo, é sabido que eu sou uma pessoa esquisita nestas coisas e vejo pontas soltas na mais lisa das sedas. Dizer a alguém que essa pessoa é um amor pode ser giro e até ter o seu quê de carinhoso, mas a mim não me convence. O facto de ser “um amor” leva-me imediatamente a formular algumas questões: “um? Qual?” ou “porque não sou mais do que um?”. Ser um amor é ser uma parte de algo, um bocadinho, uma peça. E nada funciona em partes, aos bocadinhos ou às peças. Ser um amor é estar partido