Não sei o que caiu melhor por estes dias: aquele meteorito
na Rússia ou um moscatel duplo com duas pedras de gelo.
“Não bebas água por cima do leite que te cai mal” ou “aquela
última cerveja de ontem não me caiu bem” são expressões muito comuns por este
país fora. E até há outras, agora muito na moda, que roçam o brejeiro: “o que
caía bem agora era o Passos Coelho de uma ponte”.
De facto, toda a gente arrisca o seu palpite sobre o que
caía bem ou mal neste país. Pode dizer-se, em jeito de trocadilho barato, que
todos temos queda para a coisa. O governo, por exemplo, pensa que o que caía
bem eram as despesas do Estado, mas afinal o que cai – e bem – são as receitas.
Já o comum Zé Povinho queixa-se de que os impostos caem mal, quando na verdade
queria que estes caíssem, e bem, a pique.
No setor económico, e numa altura em que os mercados são tão
falados, também as bolsas sofrem com esta expressão. A única coisa que cai bem
aos acionistas é quando as suas ações não sofrem quedas.
Mudando o ângulo de abordagem para algo mais familiar, uma
cerveja gelada cai bem ao final de uma tarde de verão. Contudo um sem abrigo
embriagado, que não tem onde cair morto, pode magoar-se ao cair mal na calçada.
Voltando ao início, o famoso pedregulho despenhou-se na
Rússia, mas o que verdadeiramente caiu mal (na América) foram as declarações do
político soviético que acusou os Estados Unidos de tal ato. Já o penedo
maiorzinho, que nos passou ao lado, não chegou a cair, o que caiu bem na
humanidade.
Estrondo maior pode causar o moscatel. E se a muitos cai como uma pedra, a mim cai que... nem
ginja. Por muito estranho que pareça.
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