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"A verdade...

...da mentira”. É o título do livro de Gonçalo Amaral. Já tive oportunidade de o ler. Não há ninguém que fique indiferente ao caso Maddie ao seu mistério que sobrevive até hoje. Lembro-me de estar à mesa e ver a notícia do desaparecimento. Disse em, tom de brincadeira, que os próprios pais eram os responsáveis pela alegada morte da criança. Ui! Fui quase insultado e cruxificado pela minha mãe!

Os dias foram passando, e cada vez mais a brincadeira passava a realidade. Lembram-se de Prison Break? (Claro que se lembram, pergunta idiota!) Então recordam-se da Companhia e dos seus métodos para tentar encenar um crime. As pressões políticas, as mentiras, a relação com os media… Foi a primeira coisa que me veio à cabeça quando acabei de ler o livro do ex-inspector da PJ. Os casos são semelhantes. Em ambos é encenado um crime, e se tentam arranjar motivos e autores para este. Em ambos há influências políticas que tapam os caminhos a quem quer descobrir a verdade… da mentira.

De facto, o que retenho da leitura desta obra é que Madeleine terá morrido acidentalmente no apartamento do Ocean Club. Os pais, como médicos e pessoas reputadas que são, não podiam permitir que fossem acusados de negligência, por deixarem as crianças sozinhas em casa. Assim, segundo Gonçalo Amaral, terão recolhido e escondido ou destruído o corpo de Maddie. Infelizmente, a investigação das autoridades portuguesas sofreu muitas pressões, vindas de terras de sua majestade, que impediram a correcta avaliação das circunstâncias em que a menina britânica desapareceu. Desde cedo, os ingleses tentaram impôr a tese de rapto, na qual acreditam (ou tentam que os outros acreditem) ainda hoje.

Penso que as pessoas não devem ver este livro como uma teoria da conspiração, mas sim como a visão de quem esteve por dentro do caso durante muito tempo. Aconselho a leitura.

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