Nunca subestimar o poder de uma música. Aprendam, faz
sentido. Que ninguém duvide disso. Que ninguém pense o contrário por um segundo
que seja. Porque ali, naquele momento, só estava eu. Tanta gente à minha volta
e só estava eu. E mais ninguém.
Ninguém podia estar ali para além de mim. À primeira vista
podia pensar que sim, que tu podias perfeitamente estar ali, que estavas em
todas as notas daquela música. Que pairavas naquele ar, que estavas à distância
de um sono. Que estavas ali comigo. Mas não estavas. Não estava ninguém.
Não estavam as tuas cores, não estavam os teus sons, não
estava a tua força. E ainda assim lá estava eu, fechado como um bebé na barriga
da mãe. A sorrir feito tolinho, a sorrir feliz. Mais do que isso: a sorrir como
ninguém. E esse ninguém deve ser mesmo muito importante para me roubar tanta
atenção.
Quando é tão comum dizer-se que precisamos de alguém,
prefiro pensar que precisamos de “ninguém”. Porque, garantem, “ninguém” é
perfeito. “Ninguém” rouba o nosso coração de forma definitiva e infinita.
“Ninguém” pode escolher por nós, “ninguém” pode tomar as nossas dores,
“ninguém” está sempre bem.
Naquele momento, “ninguém” estava lá para mim. “Ninguém”
estava em perfeita sintonia comigo. “Ninguém” percebia aquela música.
Enfim, “ninguém” aguenta tudo. Porque “ninguém” é forte, o
mais forte do mundo. Forte como “ninguém”.
Comentários
Este texto merece, merece abusivamente!
Porque de uma forma simples, gentil, serena e apaixonada transmitiste o que é esse valor do amor por nós, numa sociedade que nos pede constantemente que tenhamos outro, que sejamos um projecto com o outro, que poe preços a 2 e que encosta a canto todos os que têm a bravura e coragem de estarem sozinhos.. porque sim!
Da minha parte obrigada, foi terapeutica e revitalizante.
Lembrei-me que era eu que estava a lê-lo e mais ninguém ;)