O último ano já foi assim, mas janeiro bateu todos os
recordes. Parece que me deitei na manhã do dia 1, após a tradicional noite de
festa, e acordei hoje, em pleno primeiro dia de fevereiro.
O ritmo a que as coisas acontecem tem sido tão intenso que
lembra uma das necessidades básicas e em parte inexplicável do ser humano: a
adrenalina. A velocidade, sua irmã gémea, fez destes 31 dias um mero risco
rápido na folha em branco de 2016, daqueles traços que começam leves, engrossam
a meio e desaparecem tal como surgiram, ao de leve.
A velocidade vicia. Uma vez no ritmo, ninguém resiste a
carregar um bocadinho mais no acelerador,
ao mesmo tempo que não podemos saltar
fora do comboio em andamento. Olhamos para a frente e conseguimos ver as coisas
chegar a nós num ápice. De braços abertos, conseguimos abraçar algumas delas,
mas outras passam irremediavelmente por nós e afastam-se num piscar de olho.
A rapidez com que deslizamos o dedo pelo telemóvel para
definir o despertador é impressionante. Contas rápidas para ver quantas horas
dormimos levam-nos aos tempos das aulas de matemática. Dividimo-nos num feixe
de luz de várias cores e pintamos assim as paisagens da família, dos amigos e
do trabalho. Misturamos noites e dias e roubamos o papel principal ao sol.
Janeiro teve 31 dias mas pareceram muito menos. Há muitos
que não sei onde ficaram, há outros que não sei quem os levou. E num salto de
pulga estamos em fevereiro, sem muito tempo para fazer balanços, porque este mês
– diz o calendário – é o mais pequeno. E, ainda assim, não creio que seja tão ínfimo
como o que passou.
Comentários