Só tenho uma certeza: gosto de ti. Não sei se por bons ou
maus motivos, se me fazes bem ou mal. Mexes comigo, isso é certo. De uma
maneira que me intriga, que me faz perguntar a quem não sabe responder. Parece
sempre a minha vez de ir ao quadro e não faço ideia sobre o que escrever. És
sol e sal ao mesmo tempo?
Podes bem ser o sol. Chegas para tudo, chegas-me de todos os
lados. Refletes em todos os que falam para mim. Vejo-te lá fora, nas árvores,
nos prédios, na água. És o sol que me dá cor, que torra nas tardes de verão,
que me aquece o coração no inverno quando espreitas através das nuvens negras.
Só tu dás sentido à minha sombra. Dás-me energia limpa,
renovável a cada sorriso, a cada olá, a cada toque. Algo me diz para ter
cuidado contigo mas não quero saber. És tão quente, tão brilhante, tão
aconchegante que até o teu queimar me parece saber bem.
Mas… e há sempre um mas nesta vida.
A porcaria de uma letra muda tudo. Não serás tu apenas sal?
Aquele que me engana ao senti-lo? Que supostamente me conserva, estando no
entanto a corroer-me as veias? Não podes ser tu quem derrete ferro como
manteiga, quem me mata aos bocadinhos enquanto me diz que vamos viver para
sempre?
Estás presente nas minhas lágrimas de tristeza. Abraças-me e
choras comigo mas não estarás na origem dessas trevas? O sal que me equilibra
as sensações e me diz que não deve ser tudo doce. Que como humanos, devemos
sofrer e experimentar as sensações negativas porque elas fazem parte e não
podem ser substituídas por sentimentos aromáticos que apenas pretendem mascarar
a tua falta. És tu quem me dá gosto à vida, que tornas tudo mais apetitoso, que
me levas o pensamento para longe do politicamente correto.
Sol ou sal. Quem és tu?
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