Desde cedo nos ensinam a passar as coisas a limpo. Parece haver um amor próprio em repeti-las, sem picos, sem altos e baixos, limpinhas limpinhas, como dizia o outro. A verdade é que nunca fui nessa conversa. O que os outros chamavam de rascunho eu chamava de versão final; e o que eles chamavam de versão final eu chamava de perda de tempo. À medida que fomos crescendo, o discurso foi mudando. As coisas passaram do papel para a vida real e a palavra também se alterou de “passar” para “tirar” a limpo. E mais uma vez, foi-nos dito e ensinado que as incidências desta vida têm de ser, pois então, tiradas a limpo, que os conflitos não são bem o que mostram ser, e que estávamos errados da primeira vez. Não querendo ser repetitivo, a verdade é que voltei a não ir nessa conversa. Não sei, pareceu-me uma má companhia e nunca lhe dei muita confiança. Nunca foi lá a casa e até atravesso a estrada para o outro lado quando vem na minha direção. Passar ou tirar as coisas a limpo reti
Um blogue aos olhos de um moscatel com duas pedras de gelo