Quando nos sentámos os dois naquele banco de jardim e deixámos os outros continuar caminho, tenho de admitir que não te estava a prestar atenção. Choravas e dizias o que te corria mal na vida, enquanto me davas a mão, procurando talvez algum conforto. Mas não era isso que eu estava a ouvir. A água que te escorria pelas duas faces batia-se arduamente para ultrapassar o relevo dos teus lábios. Ainda assim, eu não fixava sequer nenhuma dessas lágrimas. O que via? Bem… Sei apenas que os meus olhos penetravam intensamente nos teus e, de repente, a noite quase dava lugar ao dia. Continuavas com as tuas histórias, as mil e uma aventuras do teu coração destroçado, varrido – nas tuas palavras – por um furacão que deixou a mais profunda das mossas. Acho que tentavas partilhar a agonia com alguém como eu, que mal conhecias, e que não tinha dados suficientes para te julgar. Mas a verdade é que eu não equacionei, por um segundo que fosse, ajudar-te nessa escalada rumo à serenidade. A min
Um blogue aos olhos de um moscatel com duas pedras de gelo