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Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2013

Linhas paralelas

Quando nos sentámos os dois naquele banco de jardim e deixámos os outros continuar caminho, tenho de admitir que não te estava a prestar atenção. Choravas e dizias o que te corria mal na vida, enquanto me davas a mão, procurando talvez algum conforto. Mas não era isso que eu estava a ouvir. A água que te escorria pelas duas faces batia-se arduamente para ultrapassar o relevo dos teus lábios. Ainda assim, eu não fixava sequer nenhuma dessas lágrimas. O que via? Bem… Sei apenas que os meus olhos penetravam intensamente nos teus e, de repente, a noite quase dava lugar ao dia. Continuavas com as tuas histórias, as mil e uma aventuras do teu coração destroçado, varrido – nas tuas palavras – por um furacão que deixou a mais profunda das mossas. Acho que tentavas partilhar a agonia com alguém como eu, que mal conhecias, e que não tinha dados suficientes para te julgar. Mas a verdade é que eu não equacionei, por um segundo que fosse, ajudar-te nessa escalada rumo à serenidade.  A min

Luís Simões - um homem de L a S mas que por vezes veste XL (parte IX)

No final do primeiro mês de Erasmus em Salamanca, a minha pessoa já se tinha inteirado da realidade espanhola. Sabia qual o supermercado mais barato, que toda a gente em Salamanca é do Real Madrid, que os espanhóis são viciados na lotaria, que as lojas fecham durante a sesta e que a noite de Salamanca é tudo aquilo e mais alguma coisa do que se diz. Dizem que a primeira vez fica na memória para sempre. Meus amigos, é a mais pura das verdades. E a minha foi com duas meninas. A primeira vez que saí, entenda-se, que este é um blogue sério e não há cá espaço para essas poucas vergonhas. Essas duas pessoas, as tais que também vieram de Coimbra, rapidamente se tornaram num apoio fundamental para a minha estadia em Espanha. E assim permaneceram até ao final, ganhando um passaporte de amizade, que só peca por não ter sido passado mais cedo. Mas estava eu a falar da noite. Admito que os espanhóis gostam de festa e Salamanca dá-lhes todas as condições para isso. É uma cidade r

Luís Simões - um homem de L a S, mas que por vezes veste XL (parte VIII)

Eu espanho, tu espanhas, ele espanha Quem me conhece, para além de poder sentir-se um privilegiado, sabe que já fui um ser mais tímido do que agora. Onde terei então perdido essa timidez que me fazia corar as bochechas só de ver uma pessoa que não os meus pais? Bom, basicamente fiz com a timidez o que as pessoas distraídas fazem com a carteira: fui perdendo aqui e ali, aos poucos e de maneiras incríveis. E a mais incrível de todas pode muito bem ter sido esta: Erasmus em Salamanca. Começou tudo com uma ideia que englobava uns dois ou três amigos num país distante, a vivenciar uma das maiores experiências das suas vidas. Mas rapidamente dos dois ou três amigos fiquei só eu e o país distante foi-se aproximando até passar a ser este mesmo, aqui ao lado. Sondei a coisa lá em casa e o “sim” parecia não querer sair, como aquele chocolate que fica encravado na máquina e não cai. Nada que uns abanões não resolvam. O argumento de que Lisboa ficava mais longe do que Salamanca resultou