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Mensagens

A mostrar mensagens de 2019

Perdidos

A pergunta faz todo o sentido: como pode alguém estar perdido quando não tem para onde ir? Este texto é sobre os perdidos desta vida, aqueles que se só se encontram a si mesmos nas sombras, que vivem escondidos do sol que alguém lhes tapou. Porque a culpa de quem se perde nem sempre é sua. Aprendemos desde cedo que temos um caminho pela frente nesta vida. E que é dos desvios que nos devemos precisamente desviar. Mas há quem não siga a linha, há quem se deixe guiar pelos mais selvagens instintos e se perca na azáfama de uma sociedade que cada vez tem menos tempo para quem não se encontra. O ‘só faz falta quem cá está’ nunca foi tão palavra de ordem como agora e quem ficou pelo caminho será um dia pó que quem vem atrás vai pisar. Dois homens podem ter o mesmo mapa e irem parar a destinos diferentes. Um deles pode ter pouco dinheiro e conseguir guiar-se com mais ou menos dificuldade; o outro pode nadar em notas que não são elas que vão fazer uma ponte sobre o abismo. As bú

Burros e Burrinhos

Há uns anos houve uma célebre saga portuguesa no grande ecrã chamada ‘Balas e Bolinhos’, Agora os tempos são mais evoluídos e a coisa passa do cinema para os ecrãs dos nossos computadores e telemóveis. Não é um filme, mas há quem os faça; não concorre aos Óscares, mas há atuações dignas de prémio. Os comentadores das redes sociais podem, então, dividir-se em muitas categorias, uma das quais, se me dão licença, apelido aqui de ‘ Burros e Burrinhos ’. A ideia veio-me à cabeça quando navegava por esses mares cibernáuticos fora. De vez em quando passo por ilhas de informação, onde as piranhas ávidas de ódio tentam mordiscar os calcanhares de quem, com elevação, tenta fazer deste um mundo mais culto. Tal como no futebol, as pessoas passaram a querer títulos acima de qualquer outra coisa . E, sendo assim, sentem-se banqueteadas com eles sem que, na verdade, tenham comido 5% da informação que se pretendia passar. Podem dizer-me, e eu admito, que o atual formato das redes soci

Cima ou baixo

É uma maneira muito própria de definir tudo e mais alguma coisa neste país e a verdade é que eu gosto dela. Nunca fui aquela pessoa de dividir as coisas por várias camadas, de as definir por estratos, ter vários separadores, uma pastinha para cada uma. Portugal não é assim mas, para o bem ou para o mal, lá vai funcionando dessa forma. Cima ou baixo , ou acima ou abaixo, serve para nos orientarmos neste país cuja própria geografia tem por base a verticalidade. Não é à toa que quem mora em Lisboa vai lá acima no Natal e lá abaixo no verão. Ou que quando viajamos e pedimos indicações para encontrar aquele tasco, nos dizem do outro lado do telefone que é mais abaixo nessa rua. No futebol, por exemplo, os treinadores reforçam que acima de tudo está a equipa, embora nos últimos tempos a bola fique abaixo do tema das arbitragens nas prioridades de quem fala aos adeptos. E isso danifica aquele sentimento de ir ao estádio no domingo à tarde com os amigos e procurar a nossa