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A mostrar mensagens de março, 2014

Desalinhado

Aos primeiros raios de sol já eu lavava os dentes. Olhava para minha cara afogada em sono, sempre a mesma coisa. Uma vista de olhos às horas, um último exercício de memória para ver o que me falta. Sendo que do que me falta vou eu em busca. Começo a despertar. Já há pessoas na rua, compram o jornal, tomam o café da manhã, seguem para as aulas, regressam a casa depois de uma noite intensa. Entro no metro que pareceu esperar por mim. Vejo as horas novamente: 10 minutos para o comboio. Tempo de mandar um bom dia para o outro lado. Na estação, de olhos no ecrã como se fosse uma janela para um oásis qualquer, vejo o número da linha. Entro e procuro o lugar que me vai levar ao meu lugar. Ouço aquela voz eletrónica a anunciar cada paragem, cada ponto que nos separa, cada barreira. São muitas sim, mas sei que não me podem parar porque também ouvi o destino: tu. Tento fechar os olhos para ver se engano a mente, para ver se tudo passa mais rápido, mas vejo-te em todo o lado, seja no

Quem disse que para a frente é que é caminho? Encontrem-me o sacana e tragam-mo vivo, que temos de ter uma conversa séria. Os miúdos aprendem isso em pequenos, os carrinhos andam para trás. De facto, as pessoas são como os carros: se não recuarem, como é que dão a volta? A coisa é simples: ninguém gosta de ceder. Seja numa discussão, num braço de ferro, num jogo de damas ou no trânsito. Não faz parte da nossa natureza, pronto! Temos instinto competitivo e dar a outra face soa absolutamente a derrota. Pois oiçam, amigos, que o seguinte momento é bem capaz de ser o mais filosoficamente barato de todo o texto: saber recuar no momento certo é meio caminho andado para seguir em frente. Vá, parem lá com isso que me estão a deixar envergonhado, foi só uma frase bem articulada. Mas totalmente verdadeira. Reparem que duas linhas paralelas nunca se vão tocar até que uma delas ceda. Vejam que o presidente da Ucrânia teve de abalar se queria continuar entre os vivos. Notem que Jorge Jesus

Memorando

Uma pessoa que fosse a nossa própria memória. É isso, leram bem. Todos temos direito a vaguear um bocado pelo imaginário de vez em quando e agora é a minha vez. Se há coisa em que não sou bom – e, como sabem, são muito raras – é em memória. Não me lembro de coisas que fiz ontem e nem sequer bebi. Ou se bebi… não me lembro. Mas onde eu quero chegar é ao seguinte: a memória acarreta demasiada responsabilidade para uma só pessoa. Já temos tanto com que nos preocupar neste mundo de tolinhos que resta pouco tempo, espaço e paciência para ir armazenando o nome daquela miúda, o pin do telemóvel, o aniversário de namoro ou o resultado do Benfica-Sporting de 1997. A memória é algo complexo, difícil e muito trabalhoso. Não admira que cada vez registemos mais informação em fotografias ou textos. Afinal, toda a memória humana é volátil e está condenada a desaparecer. Ora, é chegada a hora de vos apresentar a minha solução de hoje. Ou melhor, apresentei-a logo no início. Devia haver