A rotina fazia jus ao nome: igual todos os dias. Os primeiros tempos a acompanhar Luz ainda envolviam alguma confusão – era comum chamar-lhe Andreia – mas a verdade é que, sem me dar conta, começava a envolver-me naturalmente na causa. Entreguei a minha vida por completo ao projeto. Deixei de ter tempo para copos, namoradas e até família. Ligava aos meus pais, alimentando uma história desinteressante mas funcional, de uma empresa de recursos humanos que me contratara e obrigara a mudar para longe. Sem entrar em demasiados pormenores, o dia começava com uma reunião em que eram debatidas as atividades a realizar na jornada. Por vezes, sentia-me mesmo na tal empresa de recursos humanos, ao chegar, pendurar o casaco e cumprimentar os colegas. Mas a todo o instante algo me fazia lembrar que não era bem assim. Os procedimentos de segurança para entrar no Edifício (assim chamávamos a nossa “base”) contemplavam tecnologias que eu adivinhava daqui a 50 anos. Pois bem, ali estavam elas à fr
Um blogue aos olhos de um moscatel com duas pedras de gelo