Nunca como hoje as pessoas estiveram tão perto. As distâncias que antes eram maiores do que o possível são agora risotas nas histórias do passado. Ir de Bragança ao Algarve passou a ser só isso, Bragança ao Algarve, e não uma viagem do outro mundo. As despedidas no aeroporto continuam a doer, mas quando antes queríamos que o voo se atrasasse por mais uns minutos, agora queremos que ele chegue rápido ao destino, para que o telefone nos una de novo. O facebook, o skype e todas essas coisas. Ainda assim, há sempre algo que se perde. Algo que, por mais sofisticados que sejam os cabos de fibra, por mais voltas que deem os satélites ou por mais gigas que tenhamos por mês, não é possível reproduzir. E isso é tão verdade que seria estúpido referi-lo. Hoje em dia parece ser estúpido reafirmar algo que seja uma verdade absoluta, que toda a gente saiba, mas que tem medo, vergonha de expressar. E é por isso que não dizemos todos os dias que temos saudades disto e daquilo, deste e daquela.
Um blogue aos olhos de um moscatel com duas pedras de gelo