A persiana do meu quarto fechou-se. Já foi há algum tempo e desta vez foi para sempre. Talvez se tenha cansado de ser aberta ao meio dia e fechada às tantas da manhã, como aconteceu por diversas vezes. Talvez o meu quarto se quisesse proteger do sol, do barulho, do mundo exterior em geral. A persiana do meu quarto fechou-se. A luz não pode entrar, bem tenta pelas pequenas frestas. O ar não pode entrar, bem tenta pelas pequenas frestas. O ar, a luz, o barulho, a vista, as casas, o estádio, a igreja, a cidade toda, fica tudo da parte de fora. Mas continuam a tentar entrar. Porquê? Porque insistem? A persiana do meu quarto fechou-se. Ele está sozinho agora, deve sentir-se sossegado, sei lá. Escuro, silencioso, deve estar bem assim. Será que devo consertar a persiana? Devo voltar a deixar a luz, o ar e o barulho entrarem pela janela? Não sei, ele parece-me bem assim. Pelo menos, ainda me parece bem assim. A persiana do meu quarto fechou-se. É comum dizer-se que "o meu quarto é o meu m
Um blogue aos olhos de um moscatel com duas pedras de gelo