Andava eu a ouvir músicas ao acaso, nessas viagens loucas que o Youtube nos proporciona, quando ouvi a maior verdade do dia, se não mesmo do ano. O amor quer-se bem passado. É isto, sem tirar nem pôr, que no que está bem não se mexe. De facto, o amor não se quer morno, não rima com semifrio e não nasce no gelado. O amor precisa de ser cozinhado, bem cozinhado, para matar todas as bactérias. É ardente e, portanto, tem de ser fervido. Ao lume, a vapor, no forno do coração. No amor não há lugar a meio termo. Não há ninguém que, como o empregado da cervejaria, entenda que queremos o prego “médio”. O amor não pode ser cru. Um amor de sushi não flutua, um amor de tártaro acaba – acreditem – por ir ao fundo. Não é difícil entender que um amor não pode ter sangue. Que a desculpa de que assim fica tenrinho, que não fica seco, que é mais saboroso, são tudo tretas de quem nunca cozinhou um amor a sério. De quem nunca temperou um amor com o sal das próprias lágrimas, de quem nunca o
Um blogue aos olhos de um moscatel com duas pedras de gelo